segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Por uma causa justa

Posto um email que recebi e faço minhas as palavras de Isabel.

Caros

O SBT acaba de anunciar a arrecadação de 19 milhões para a AACD. Como profissional atuante na área da deficiência não posso deixar de questionar o favorecimento exclusivo a um único centro de reablitação, a todo ano. Claro que o SBT, como emissora privada, tem a liberdade de escolher a quem apoiar, mas quando envolve a sociedade e passa a mensagem de que todas as pessoas com deficiência são beneficiadas por uma única instituição é passar uma desinformação. E mesmo que haja milhões e milhões arrecadados todos os anos (em 2008 foram 18,5 milhões) foi anunciada hoje fila de espera para reabilitação de mais de 30 mil pessoas. É realmente um marketing cruel, pois, por mais que se arrecade nunca será suficiente, pois a fila anunciada nunca diminui.

Amigos com deficiência me contaram que já foram abordados na rua com a frase "eu te ajudei no teleton". Nem todas as pessoas sabem que boa parte dos atendimentos da AACD é paga e que a fila de espera é justamente para os atendimentos gratuitos (se é que existe fila de espera pois no ano passado o IMREA, então Divisão de Reabilitação do HC/SP-DMR prestou atendimento à fila de espera da AACD cedendo atendimento personalizado e cadeiras de rodas a centenas de pessoas). Será que o senhor SS sabe disso? Não seria mais democrático e justo se houvesse apoio da sociedade e de uma emissora de TV a ações e entidades variadas e não a uma única todo ano? E se essa verba anual fosse destinada a políticas públicas que alcançassem pessoas com deficiência em todos os ambientes: família, reabilitação, educação, empregabilidade, acessibilidade, lazer, transporte, esporte?

Essa é apenas uma opinião particular de uma pessoa que questiona obras e doações feitas inclusive, "em nome de Deus", como foi hoje o apelo do dono da emissora, ressaltando ainda mais que as pessoas com deficiência são dignas de caridade e não de cidadania.
Quando pensamos que avançamos, retrocedemos.


Abraços.
Isabel

Maria Isabel da Silva
jornalista-sp

bel_jornalista@yahoo.com.br


Há tempos também me pergunto o porquê de o Teleton contemplar apenas a AACD já que conheço alguns deficientes físicos e mentais que foram tratados em outras instituições pois nunca chegava a vez deles na fila da AACD. E o que sabemos é que a extrema maioria paga.
Inclusive a Luciana Scott (A encontrei aqui) , que escreveu o livro: Sem asas ao amanhecer, relata no texto as dificuldades do tratamento na AACD e na "discriminação" interna com quem não pagava.

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