Diga-se apenas que viver é a maior das artes.
A vida é uma louca, daquelas que se teme, que corre berrando pelos corredores do hospício e enfia as unhas tirando sangue.
Para lidar com tal amada é preciso muita calma e, porque não dizê-lo, certa masculinidade.
Primeiro é preciso subjulgar sem medo. Depois, para que se aquiete, propor-lhe aventuras.
Aventuras que estejam à altura de seu total desvario.
É preciso prometer-lhe o rapto do hospício!
Entre beijos estonteantes e garantir que ela é sã!
E depois, respirando fundo, fazer planos para o amanhã.
Não faz mal que os planos sejam pequenos, sequer importam que sejam verdadeiros.
A vida é uma louca, ela acreditará.
E assim, de plano em plano, foderemos até a madrugada, aquela hora terrível, onde o rouxinol se confunde com a cotovia. E então, exaustos, dormiremos abraçados, ou melhor, morreremos sem querer, renascendo de propósito em qualquer outro amanhã.
Domingos de Oliveira
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